Os acidentes de trajeto representam uma das maiores causas de afastamentos no Brasil. Segundo dados do Observatório de SST, aproximadamente 1 em cada 4 acidentes de trabalho registrados no país ocorre durante o deslocamento entre casa e trabalho.
Esse dado não é apenas um número. Cada acidente impacta famílias, empresas e a sociedade, além de gerar custos expressivos com afastamentos, indenizações, perda de produtividade e questões legais.
Diante desse cenário, a pergunta que precisa ser feita é: o que as empresas podem fazer, de fato, para prevenir acidentes de trajeto?
A resposta envolve mais do que orientar os colaboradores. Trata-se de construir uma cultura de segurança que vá além dos muros da empresa.
Por que os acidentes de trajeto merecem atenção especial?
Os acidentes de trajeto, diferentemente de muitos acidentes ocupacionais dentro do ambiente de trabalho, ocorrem em um ambiente externo, fora do controle direto da empresa. Isso, no entanto, não isenta a organização da responsabilidade de agir de forma preventiva.
Além de serem reconhecidos como acidentes de trabalho pela legislação brasileira, os acidentes de trajeto geram:
- Custos com afastamentos pelo INSS;
- Impacto nos indicadores de SST, como FAP e RAT;
- Perdas operacionais por ausência de trabalhadores;
- Impacto na moral e no clima organizacional, especialmente quando há acidentes graves ou fatais.
Além disso, há um fator humano que pesa: vidas são perdidas ou severamente impactadas por situações que muitas vezes poderiam ser evitadas.
Fatores que aumentam o risco de acidentes de trajeto
Vários elementos contribuem para o alto índice desses acidentes, entre eles:
- Cansaço e fadiga, especialmente em turnos noturnos ou longas jornadas;
- Condições precárias das vias urbanas e rodovias;
- Excesso de velocidade, desatenção e uso de celular no trânsito;
- Meios de transporte mais expostos, como motos e bicicletas;
- Pressão por pontualidade e produtividade, que leva à imprudência;
- Falta de cultura de segurança no trânsito, tanto por parte dos trabalhadores quanto da sociedade.
Diante desse cenário, fica evidente que a prevenção precisa ser mais ativa e estruturada.
7 estratégias eficazes para prevenir acidentes de trajeto
1. Campanhas internas de conscientização contínuas, não apenas na SIPAT
É fundamental que o tema “segurança no trajeto” não apareça apenas uma vez por ano. As empresas que têm bons resultados mantêm campanhas permanentes, incluindo:
- DDS temáticos sobre trânsito;
- Cartazes, e-mails e comunicados constantes;
- Uso de dados reais sobre acidentes da própria região ou setor.
2. Palestras de impacto e vivenciais
Palestras que combinam emoção, dados e experiências reais tendem a gerar muito mais efeito do que simples apresentações teóricas.
Quando um trabalhador escuta o relato de quem viveu um acidente ou vê demonstrações visuais (como mágica, encenações ou simulações), ele percebe que o risco é real, não abstrato.
3. Mapeamento de rotas críticas dos colaboradores
Empresas que atuam de forma preventiva vão além do básico: fazem levantamentos das principais rotas utilizadas pelos trabalhadores, identificando pontos de risco, como:
- Vias mal iluminadas;
- Cruzamentos perigosos;
- Rodovias com alto índice de acidentes;
- Locais com histórico de violência que geram desvios de rotas.
A partir disso, podem orientar rotas mais seguras ou até avaliar apoio com transporte coletivo.
4. Treinamentos específicos para condutores próprios ou terceiros
Se a empresa possui frota própria, motoristas ou faz uso constante de transporte de terceiros, é essencial investir em treinamentos que contemplem:
- Direção defensiva;
- Direção econômica e segura;
- Prevenção de acidentes com motociclistas, ciclistas e pedestres;
- Primeiros socorros em acidentes de trânsito.
5. Gestão de jornadas e combate ao cansaço
A fadiga é um dos principais vilões dos acidentes de trajeto. Isso vale tanto para quem dirige quanto para quem anda de moto, bicicleta ou mesmo a pé.
Empresas que monitoram jornadas excessivas e oferecem pausas, revezamento de turnos e horários mais flexíveis contribuem diretamente para a redução de acidentes.
6. Incentivo a meios de transporte mais seguros
Quando viável, programas de incentivo ao uso de transporte coletivo fretado, caronas solidárias ou até transporte fornecido pela empresa podem reduzir significativamente o risco.
Além disso, algumas organizações oferecem suporte para colaboradores que queiram migrar de motos (mais expostas) para outros meios, seja com ajuda financeira, treinamentos ou facilitação de acesso a transporte coletivo.
7. Criação de uma cultura de segurança que vá além dos portões
Segurança de verdade não pode ficar restrita ao espaço da empresa. Ela precisa fazer parte da vida das pessoas. Isso se constrói com:
- Diálogos constantes;
- Reconhecimento de comportamentos seguros;
- Lideranças que dão exemplo também fora do ambiente de trabalho;
- Estímulo à responsabilidade individual e coletiva no trânsito.
Insight rápido: Segurança no trânsito não é só direção defensiva — é cultura de cuidado com você, sua família e sua equipe.
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Empresas que fazem a diferença: exemplos práticos
Empresas que adotaram ações estruturadas de prevenção de acidentes de trajeto reportaram:
- Redução de até 40% nos afastamentos por esse motivo;
- Queda nos índices de absenteísmo e rotatividade;
- Melhora significativa no clima organizacional, com colaboradores se sentindo mais cuidados e valorizados;
- Impacto direto na redução do FAP e custos operacionais.
Esses resultados não vêm de mágica (apesar de a mágica ser uma excelente ferramenta em palestras). Eles são frutos de compromisso, constância e liderança ativa.
E a SIPAT, onde entra nisso?
O segundo semestre é o período em que muitas empresas realizam suas SIPATs. Esse é o momento perfeito para incluir o tema “acidentes de trajeto” como uma das prioridades.
Mas lembre-se: a SIPAT não pode ser um evento isolado. Ela deve ser um catalisador de uma cultura contínua de segurança.
Continue sua jornada de prevenção
Se você quer mais ideias para fortalecer a cultura de segurança, saúde e bem-estar na sua empresa, explore outros artigos do nosso blog. Aqui você encontrará reflexões, estratégias e inspirações para transformar seu ambiente de trabalho em um espaço mais seguro, produtivo e humano.
Fontes
- Observatório de SST – Dados de acidentes de trajeto no Brasil, 2025.
- Ministério do Trabalho e Emprego – NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, atualizada em 2024.
- Organização Mundial da Saúde – Global Status Report. on Road Safety, 2024.
- ABNT ISO 39001 – Gestão da segurança viária.