Se tem algo que ninguém esperava era uma pandemia, um problema de saúde com consequências financeiras no mundo inteiro. Por outro lado, ela só reforçou a importância de alguns conceitos que já existiam, como o de soft skills.
Outras tendências que já vinham de duas ou três décadas e se fortaleceram são as do marketing digital e do home office. De fato, se o e-commerce crescia a passos largos no Brasil e no mundo, com a pandemia ele chegou a aumentar mais de 45%.
Os dados são da Ebit | Nielsen, uma das maiores empresas digitais de pesquisa da área. Já o home office chegou a um tal ponto que muitas empresas passaram a operar 100% a distância, especialmente do setor terciário de escritórios e “soluções intangíveis”.
É justamente aí que surge o papel das soft skills. Na prática, esse conceito já vinha sendo explorado, sobretudo no atual mercado em que as marcas tendem a ver nos funcionários o seu ativo mais indispensável e valioso.
Essa noção de colaborador como ativo, ou mesmo como um ativo intelectual, tem tudo a ver com o momento que vivíamos antes da crise, e que se intensificou. Afinal, como ter rendimento e performances excelentes sem considerar a vida pessoal de cada um?
Outro conceito que já vinha circulando e tem tudo a ver com soft skills é o de cultura corporativa, também conhecida como cultura organizacional. Aqui, novamente, o que vemos é a tendência de elevar a rotina de trabalho nas empresas e algo mais abrangente.
Com o exemplo das grandes empresas de software e de soluções digitais, que hoje chegam a dispor de uma rotina quase caseira para seus funcionários, dispondo de ambientes de lazer e da possibilidade de levar os filhos menores para a empresa, tudo isso se acentuou.
Porém, se tudo o que o mercado faz é tentar se adaptar às novas exigências dos colaboradores (e até dos clientes, como no caso das Gerações Y e Z), isso não quer dizer que com esses “direitos” não haja também “deveres”.
As soft skills apontam para um mercado muito mais humano, mas também exigem que cada profissional se mantenha constantemente em evolução e crescimento. Se antes bastava uma faculdade e currículo bem-feito, ou mesmo a influência, hoje é preciso muito mais.
Atualmente, é na prática que cada colaborador mostra seu papel dentro de uma cultura corporativa, especialmente em tempos de pandemia e pós-pandemia. Ou seja, num cenário de desafios totalmente inesperados.
Então, se você quer compreender melhor quais são as qualidades que alguém precisa ter para se destacar atualmente, basta seguir adiante na leitura.
Afinal, o que são soft skills e hard skills?
O modo mais prático de compreender o que são as soft skills é pela comparação com o oposto delas, isto é, as hard skills. A tradução literal pode não ajudar muito aqui: trata-se das habilidades “suaves” e das habilidades “pesadas”.
Mas não é difícil entender do que se trata. Afinal, se a pessoa quer trabalhar na área de adequação NR12, que é uma norma do governo que lida com a Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, quais são as qualidades que ela precisa ter?
Certamente, é preciso ter alguns cursos de formação na área, talvez algum tecnólogo ou mesmo um ensino superior. Além disso, alguma experiência na área pode ser um diferencial, já que se trata de uma atividade aplicada em campo, e não no escritório.
Todas essas são as hard skills, ou seja, as habilidades “pesadas”, no sentido de que podem ser mensuradas facilmente. Basta a pessoa apresentar o seu diploma ou certificação, bem como um bate-papo rápido para ver que ela está contextualizada.
Já as habilidades “suaves” são aquelas que não podem ser facilmente detectadas, pois não há documento que comprove, por exemplo, o caráter de uma pessoa. Assim, as soft skills mais comuns são as seguintes:
- Pró-atividade;
- Trabalho sob pressão;
- Empatia;
- Moral e ética;
- Liderança;
- Resolução de conflitos;
- Comunicabilidade;
- Flexibilidade;
- Gestão de pessoas;
- Entre tantas outras.
Imagine uma empresa de petróleo, cuja atividade principal impacta diretamente a natureza e a qualidade de vida não apenas dos funcionários, mas de toda a comunidade ao redor de suas instalações. Quais não devem ser as soft skills dos seus líderes?
Ademais, como vimos acima, todas elas dizem respeito não apenas a um profissional, mas sobretudo à vida pessoal dos colaboradores. Por isso mesmo, tais habilidades impactam os dois lados da moeda, como a carreira da pessoa e a rotina da corporação.
Como tudo isso se conecta com a pandemia
Já deu para entender que o conceito de cultura corporativa e soft skills surge de uma visão holística de mundo, certo? Ou seja, de uma visão mais abrangente, que busca a interseção entre vida pessoal, profissional e até mesmo cultural e social.
Por isso, seja uma multinacional com filiais espalhadas pelo mundo ou uma empresa de manutenção de ar condicionado, hoje o RH e os recrutadores precisam valorizar os profissionais que estão mais antenados com tudo isso.
Além do mais, se o mundo já vivia tempos de crises de sustentabilidade, crises sociais e necessidade de convívio mais próspero, hoje temos um desafio a mais. Já não basta, por exemplo, pensar apenas na harmonia entre empresas e a natureza.
É preciso considerar situações extremas em que líderes e gestores precisem lidar com o totalmente desconhecido. Além disso, os funcionários precisam estar alinhados, demonstrando resignação, pró-atividade e talentos genuínos.
A pandemia que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou em 11 de março de 2020 é um exemplo dramático disso. Não só milhões de pessoas precisaram se adaptar ao home office da noite para o dia, como houve todo um impacto familiar.
Serviços presenciais como instalação de exaustor de parede foram suspensos, e só mais recentemente voltaram a acontecer. Quem pôde trabalhar de casa, certamente não estava acostumado a dividir o seu horário de trabalho com uma rotina doméstica.
Foi e ainda é preciso dividir o novo local de atividade com os cônjuge/parceiros, bem como com eventuais filhos e crianças, que aliás ficaram impedidas de ir para a escola. Tudo isso tem levantado novos debates e novas tendências.
O que é e como ter inteligência cultural?
As soft skills são o futuro que já chegou. Nessa régua de valores, se pudéssemos resumir toda a contextualização feita acima, seria com a habilidade da inteligência cultural.
Na prática, um profissional desses poderia revolucionar um segmento como o de empresas de esquadrias de alumínio. Sem exemplos teóricos ou abstratos, o que ele faria é simples: traduzir a missão, visão e valores de pequenas empresas numa linguagem universal.
Ou seja, uma linguagem que chegue a todos. Num mudo globalizado como o de hoje, a inteligência cultural não abrange apenas outros países, mas também regiões de uma mesma nação.
No caso do Brasil, que tem tamanhos continentais e tantas diferenças de costumes entre norte e sul, isso fica ainda mais claro. E se a empresa quer marcar presença na internet, onde qualquer pessoa pode ler um post a qualquer momento, mais ainda.
Assim, soluções práticas como de um corrimão de alumínio para escada também guardam relações culturais, costumes e hábitos. Por isso a formação cultural e até literária tem sido valorizada cada vez mais.
Junto delas, também a formação musical e de cinema, que podem dar uma sensibilidade maior para o funcionário, ajudando-o a compreender melhor situações práticas do dia a dia.
O poder da inteligência emocional
Como vimos, já não adianta ter um currículo cheio de cursos, ou mesmo dizer que é “pró-ativo” sem saber o que isso significa na prática. O profissional pós-pandemia precisa de personal branding, ou seja, marketing pessoal, só que enraizado em valores reais.
Se uma empresa de portaria remota, que já lida com tecnologias mais recentes, abre vagas, o que ela vai priorizar nos candidatos? Integridade moral, prestatividade, liderança e comunicação são indispensáveis, sem dúvida.
Mas afinal, o que é que permite alguém praticar essas soft skills com convicção? Trata-se da inteligência emocional, pois na verdade o que faz a pessoa crescer em uma empresa não é só a técnica, mas sobretudo as habilidades psicológicas e mais sutis.
Estudos recentes comprovaram isso na prática, especialmente após os estudos de Daniel Goleman, um redator de ciência do The New York Times, que publicou vários livros sobre o assunto, dando palestras em empresas do mundo todo.
Por isso, toda empresa e todo funcionário precisa focar na inteligência emocional. Ela é que faz uma reunião fluir melhor, a participação num projeto, a socialização entre as partes, o alinhamento durante uma videoconferência e o home office como um todo.
Em suma, se você consegue focar algo prático como um projeto de combate a incêndio por vários ângulos, desde aspectos jurídicos e de infraestrutura, até questões éticas, humanas e culturais, você tem a postura/dinâmica que o momento pede.
Com isso, vemos como as soft skills se tornaram indispensáveis para todos, especialmente quando o horizonte é de crescimento corporativo e de carreira profissional. Sobretudo num cenário de pós-pandemia.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.