Certamente, no dia a dia, você já utilizou as palavras “perigo” e “risco” como sinônimos. Porém, no cenário de segurança e prevenção de acidentes de trabalho, compreender a diferença entre perigo e risco é fundamental para mitigar potenciais danos aos colaboradores e ao ambiente de trabalho.
Embora esses termos frequentemente sejam usados de maneira similar, eles têm significados distintos e implicam abordagens diferentes para garantir um ambiente laboral seguro.
Dada a relevância desse aspecto, para que não restem dúvidas a respeito da distinção entre perigo e risco, falaremos sobre seus significados e suas implicações no ambiente de trabalho e como uma gestão adequada pode salvaguardar a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Boa leitura!
Importância da diferenciação entre os termos: aplicar estratégias de prevenção adequadas
A compreensão clara da diferença entre perigo e risco é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficazes. Uma vez que os perigos sejam identificados, a avaliação de risco permite a adaptação das medidas de controle às necessidades específicas. Ou seja, só é possível agir assertivamente se a identificação da insegurança for clara.
Isso evita a aplicação generalizada ou equivocada de soluções que podem ser inadequadas para a situação, otimizando a utilização de recursos. Identificar os perigos, avaliar os riscos e implementar medidas de controle apropriadas são alicerces de um ambiente laboral seguro.
Entendendo o primeiro termo: o que é perigo?
Por definição: “Um perigo é um agente químico, biológico ou físico (incluindo-se a radiação eletromagnética) ou um conjunto de condições que apresentam uma fonte de risco mas não o risco em si” (Kolluru, 1996, p. 1.13).
Em outras palavras, o perigo refere-se a qualquer condição, substância, equipamento ou situação que tenha o potencial intrínseco de causar dano, lesão, doença ou que resulte em morte. Para exemplificar,
Como visto em definição, essas ameaças podem variar desde substâncias químicas tóxicas até equipamentos defeituosos, eletricidade, ruído excessivo, radiações e até mesmo fatores ergonômicos inadequados.
Quando se fala em riscos, pensa-se sobre a avaliação dos mesmos. É comum o questionamento: “quais perigos podem vir a afetar os equipamentos ou os colaboradores de alguma maneira?”.
Reconhecer os perigos no local de trabalho é o primeiro passo para avaliar os riscos associados.
Agora saiba o que é um risco: análise de probabilidade e seriedade de uma insegurança
Por outro lado, o risco é a probabilidade de que um perigo específico resulte em um acidente ou lesão. Ou por definição: um risco “(…) é uma função da natureza do perigo, acessibilidade ou acesso de contato (potencial de exposição), características da população exposta(receptores), a probabilidade de ocorrência e a magnitude da exposição e das consequências(…)” (Kolluru, 1996, p. 1.10).
Por isso, ele envolve a análise da exposição dos trabalhadores ao perigo, levando em consideração fatores como frequência, duração e intensidade da exposição. Ou seja, é uma identificação mais profunda
Além disso, avalia-se a severidade das possíveis consequências. A avaliação de risco ajuda a priorizar medidas de prevenção e controle, identificando quais perigos são mais críticos e requerem ação imediata.
Fatores relacionados ao perigo
Para a avaliação de perigo, é necessário considerar:
- Componentes perigosos: materiais que apresentam riscos à saúde, como substâncias tóxicas, solventes, ácidos, álcalis, metais, gases, plásticos, resinas, partículas sólidas suspensas no ar, objetos perfurocortantes, entre outros;
- Equipamentos e dispositivos: elementos com partes móveis desprotegidas, condições inadequadas de uso (defeituosos, mal conservados, inapropriados para a tarefa, uso impróprio, armazenamento inadequado);
- Condições do Ambiente de Trabalho: ambientes caracterizados por temperaturas extremas, presença de poeira, sujeira, ruído excessivo, falta de iluminação, presença de gases, vapores, fumos. Além disso, postos de trabalho ergonomicamente inadequados;
- Fatores Relativos aos Trabalhadores: ausência ou insuficiência de treinamento, falta de políticas de segurança, fadiga, consumo de substâncias psicoativas, pressão no ambiente de trabalho, assédio moral, excesso de carga laboral, entre outros;
- Dinâmica do Sistema de Trabalho: aspectos vinculados à organização do trabalho, como conteúdo e estruturação das tarefas, gestão, cultura organizacional. Estes também influenciam a segurança e a prevenção de acidentes no ambiente laboral.
Fatores relacionados aos riscos
Os fatores relacionados aos riscos estão também associados aos perigos, mas dependem do nível de exposição deles. Há 3 variáveis que impactam sobre à exposição a esses riscos. São elas:
- A natureza do perigo (se agente físico, biológico, químico e sua capacidade de impactar (agressividade);
- O tempo de contato com o perigo;
- O nível de intensidade desse contato.
Ademais, o índice de exposição impactará sobre os riscos. Segundo a Universidade Federal de Alfenas (UNIfal), a exposição pode ser crônica ou aguda. Veja as diferenças:
Exposição crônica
Indica a submissão a quantidades menores ao longo de um período prolongado, caracterizando-se por uma duração estendida. No contexto de materiais que podem ser inalados ou absorvidos pela pele, refere-se a situações em que ocorre exposição repetitiva ao longo de dias, meses ou anos.
No caso de substâncias ingeridas, isso se relaciona com doses que são repetidas ao longo de períodos que podem se estender por dias, meses ou anos. O uso do termo “crônico” não está relacionado à intensidade dos sintomas (severos ou não), mas sim à ideia de exposição recorrente ou doses que possam apresentar certo grau de perigo.
Exposição aguda
Corresponde a um tipo de exposição de curta duração. Quando se refere a substâncias que podem ser inaladas ou absorvidas pela pele, está relacionada a um breve período de exposição, medido em segundos, minutos ou horas.
Para substâncias ingeridas, é frequentemente mencionada como uma quantidade ou dose considerável em uma única ocasião.
Como fazer o gerenciamento de perigos e riscos?
O gerenciamento de perigos e riscos envolve uma abordagem holística que inclui várias etapas interligadas. Primeiro, os perigos são identificados, o que requer conhecimento aprofundado do ambiente de trabalho e das atividades realizadas.
Em seguida, a avaliação de risco é conduzida, analisando a probabilidade e consequências de cada perigo. Com base nessa análise, medidas de controle são implementadas.
O primeiro passo é fazer uma hierarquia das medidas preventivas, uma vez que os riscos foram avaliados. A primeira etapa envolve a eliminação do perigo, quando possível.
Se isso não for viável, as medidas de controle são implementadas em uma sequência que vai da minimização do perigo até a proteção dos trabalhadores. Essas medidas podem incluir modificações no processo, uso de equipamentos de proteção individual, treinamento e conscientização.
Cultura de segurança envolvendo todos os colaboradores
Promover uma cultura de segurança é essencial para a gestão eficaz de perigos e riscos. Isso requer a participação ativa de todos os colaboradores, desde a alta administração até os trabalhadores de campo.
Treinamento contínuo, comunicação aberta e feedback são elementos-chave para criar uma conscientização compartilhada sobre perigos e riscos e promover a adesão às práticas de segurança.
Afinal, o ambiente de trabalho está em constante evolução, e novos perigos e riscos podem surgir. Portanto, é crucial implementar um sistema de monitoramento contínuo. Isso envolve a revisão periódica das avaliações de risco, a identificação de novos perigos e a adaptação das medidas de controle conforme necessário.
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